Você pode ter o melhor currículo, mas para se destacar no processo seletivo o primeiro passo é se preparar para a entrevista de emprego.
Não basta ter um bom histórico profissional, é na conversa com o recrutador que o jogo realmente começa.
E como não dá para contar só com a sorte ou improvisar na hora, quem se antecipa tem muito mais chance de conquistar a vaga.
Muita gente sabe o que quer da carreira, mas trava quando o entrevistador faz uma pergunta simples como “me fale sobre você”.
Outras pessoas escorregam em detalhes bobos: não pesquisam a empresa, não sabem o que vestir ou não praticam as respostas mais comuns.
Se você quer fugir dessas armadilhas e chegar confiante, preparei um roteiro prático para o que fazer antes da entrevista, com tudo que realmente importa: o que falar, como se comportar, o que revisar no currículo e até como se sair bem numa entrevista online.
Como se preparar para uma entrevista de emprego?
Se tem uma coisa que aprendi ao longo da minha trajetória, tanto como candidata quanto ajudando outras pessoas, é que entrevista não se improvisa.
A melhor forma de se destacar é mostrar que você se preparou: conhece a vaga, sabe o que quer e transmite segurança sem parecer ensaiada demais.
Já participei de entrevistas em que bastou uma pergunta simples para perceber quem realmente estava pronta.
E, do outro lado, também já fui entrevistada e senti na pele como pequenos detalhes podem mudar tudo, desde o jeito de sentar até a ordem em que você conta suas experiências.
Vou compartilhar passo a passo como você deve se preparar para uma entrevista, com exemplos práticos e dicas que realmente funcionam. Vamos lá?
Busque informações sobre a empresa
Um dos erros mais comuns que vejo (e que já cometi no início da minha carreira) é chegar numa entrevista sabendo muito pouco sobre a empresa.
Acredite: o recrutador percebe. E quando percebe, já desconfia do seu interesse real pela vaga.
Então, antes de qualquer entrevista, pesquisar a empresa é obrigação de qualquer candidato que queira se destacar.
E não é só entrar no site e olhar a missão e os valores. Vá além!
Por exemplo, veja se a empresa está no LinkedIn e observe como ela se comunica.
Além disso, procure no Google notícias recentes. Você pode descobrir um novo projeto, uma fusão, ou até ações sociais que podem render assunto durante a conversa.
Se a empresa for pequena, vale buscar o nome do dono ou gestora no Instagram ou LinkedIn.
Às vezes você encontra entrevistas, eventos ou até um post que ajude a entender a cultura do lugar.
Dê uma olhada também nas avaliações do Glassdoor ou em fóruns de carreira. Dá para ter uma noção sobre o ambiente e como são os processos seletivos.
Uma amigo meu foi chamado para uma vaga numa startup de tecnologia. Ele me pediu ajuda e sugeri que procurasse notícias sobre a empresa.
Ele viu no LinkedIn que a empresa tinha acabado de lançar um app novo. Durante a entrevista, meu amigo comentou algo como “vi que vocês estão apostando no aplicativo novo, achei legal o design mais acessível para idosos”.
Pronto: o olhar do entrevistador mudou na hora. Não era só mais um candidato, era alguém que se preparou.
Isso mostra interesse genuíno, ajuda a criar conexão com o entrevistador e te prepara para fazer perguntas inteligentes no final.
Escolha a roupa certa para a entrevista
Roupa não garante a vaga, mas pode abrir ou fechar portas antes mesmo da primeira pergunta.
Em ambientes mais tradicionais, como bancos ou escritórios de advocacia, o ideal é apostar em peças neutras e formais.
Já em startups, agências ou empresas criativas, dá pra ser mais flexível, mas ainda assim é bom evitar exageros.
Aqui vão algumas dicas práticas que costumo seguir (e recomendar):
- Prefira tons neutros e roupas sem estampas chamativas.
- Se tiver dúvida entre dois estilos, vá pelo mais conservador.
- Evite roupas apertadas, muito decotadas, transparentes ou com brilho.
- Use sapatos fechados (nada de chinelo ou sandália rasteira).
- Maquiagem leve e cabelo arrumado ajudam a transmitir cuidado.
- Perfume? Só se for bem suave. Já tive colega que perdeu ponto por causa disso.
Se a entrevista for online, vale o mesmo cuidado da cintura para cima, e atenção ao fundo, iluminação e barulhos.
Já entrevistei uma candidata por videochamada que estava com blusa social, mas ao se levantar, apareceu de shortinho estampado.
Pode parecer bobagem, mas não passa profissionalismo.
Roupa é comunicação não verbal. Antes de abrir a boca, ela já diz algo sobre você.
Se prepare para as perguntas mais comuns
Você pode até não saber exatamente o que o entrevistador vai perguntar, mas dá para prever boa parte do que pode vir.
E quem se antecipa, responde com mais confiança e clareza.
Aqui estão as 5 perguntas mais frequentes que você deve praticar:
- “Me fale sobre você“: Dê um resumo da sua trajetória profissional em 1 minuto, destacando o que te trouxe até essa vaga.
- “Quais são seus pontos fortes e fracos?”: Mostre autoconhecimento e inteligência emocional. Evite clichês como “sou perfeccionista”. Use exemplos reais e o que tem feito para melhorar.
- “Por que você quer trabalhar aqui?“: Use a pesquisa da empresa a seu favor. Mostre que conhece a cultura, os valores ou os projetos recentes.
- “Me conte sobre um desafio que você superou”: Use a resposta STAR (Situação, Tarefa, Ação, Resultado). É a melhor forma de contar histórias com começo, meio e fim.
- “Onde você se vê daqui a 5 anos?”: Fale de forma realista sobre o que busca para sua carreira, sem parecer arrogante nem vago demais.
Dica prática: já fiz entrevistas simuladas com uma amiga, onde gravávamos as respostas no celular.
Depois assistíamos juntas e analisávamos o que funcionava ou não, tom de voz, clareza, conteúdo. É desconfortável no começo, mas ajuda muito a ajustar.
Outra alternativa é escrever suas respostas e reler em voz alta.
Assim, você internaliza sem decorar, e na hora da entrevista as ideias fluem com naturalidade.
Praticar as respostas para as perguntas mais comuns reduz o nervosismo, te deixa mais preparado e mostra ao recrutador que você leva aquele momento a sério.
Prepare perguntas para o entrevistador
Na hora em que o entrevistador diz: “Você tem alguma pergunta?“, muita gente responde “não, está tudo certo“.
Isso pode parecer educado, mas na prática mostra desinteresse ou falta de preparo.
Fazer perguntas inteligentes na entrevista mostra que você está envolvida no processo seletivo, que pesquisou a empresa e está avaliando se aquela vaga também é certa pra você. Afinal, entrevista é uma via de mão dupla.
Já participei de entrevistas em que, só com as minhas perguntas, consegui entender que a vaga não era bem o que parecia.
Aqui vão algumas sugestões de perguntas que funcionam bem:
- Como é o dia a dia da equipe nessa função?
- O que vocês esperam de alguém nos primeiros 3 meses?
- A empresa tem algum programa de desenvolvimento profissional?
- Como vocês costumam dar feedback?
- Essa vaga surgiu por crescimento da equipe ou por substituição?
Essas perguntas ajudam a entender a cultura da empresa, alinhar expectativas e mostram que você se importa com o trabalho de verdade, não está ali só por necessidade.
Evite perguntar sobre salário e benefícios nessa hora, a menos que o entrevistador traga o assunto.
E anote suas perguntas antes. Levar um bloquinho ou consultar o celular com discrição não tem problema, mostra organização e atenção.
Revise seu currículo
Se você foi chamado para a entrevista, é sinal de que seu currículo chamou a atenção.
Mas esse é só o começo. Na hora da conversa, é comum o recrutador pegar seu currículo impresso ou abrir no computador e ir seguindo ponto a ponto.
Então. você precisa estar pronto para falar de cada linha.
Já vi candidatos tropeçarem em datas, se confundirem com nomes de empresas antigas ou esquecerem de mencionar o que realmente fizeram em determinada função.
Parece detalhe, mas passa uma imagem de despreparo, ou pior, de falta de verdade.
Antes da entrevista, revise o currículo com atenção:
- Decore sua trajetória profissional, com datas de entrada e saída, nomes dos gestores, motivos de saída e principais atividades.
- Pense em conquistas concretas. O que você entregou de resultado em cada vaga? Cresceu em alguma meta? Reduziu custos? Melhorou processos?
Além disso, pense em como suas experiências se conectam com o que a vaga pede.
Às vezes você fez algo importante, mas se não souber relacionar com a oportunidade atual, perde força.
Se você tem um portfólio, leve ou envie o link. E se usa LinkedIn, atualize suas informações e certifique-se de que está tudo coerente com o que está no currículo.
Dica bônus: revise também a carta de apresentação, caso tenha enviado. Pode ser que o entrevistador traga pontos de lá.
Atualize suas redes sociais
Você sabia que muitos recrutadores olham as redes sociais dos candidatos antes (ou depois) da entrevista? Pois é.
E eu já tive uma colega que perdeu uma vaga por causa de uma publicação polêmica no Instagram, mesmo sendo super qualificada.
Atualizar suas redes sociais faz parte de se preparar para entrevista de emprego.
O foco aqui não é “parecer perfeito”, mas mostrar coerência entre o que você diz e o que você posta.
Por exemplo, LinkedIn em dia é essencial. Foto profissional, cargo atualizado, um resumo que mostre suas soft skills e experiências relevantes. Se possível, inclua recomendações de colegas ou gestores.
Evite deixar públicos posts que possam gerar ruído: piadas ofensivas, discussões políticas agressivas ou exposição excessiva da vida pessoal.
Se você atua em áreas criativas, aproveite o Instagram ou o Behance para mostrar seu trabalho.
E se tiver Currículo Lattes, revise antes da entrevista, especialmente se estiver concorrendo a uma vaga acadêmica ou técnica.
Lembre-se: suas redes também são parte da sua imagem profissional.
Não precisa apagar sua personalidade. O importante é ter consistência entre quem você é e quem está se apresentando para a vaga.
Saiba como se comportar na entrevista
Não é só o que você fala, é como você se comporta que muitas vezes determina se o entrevistador confia em você.
A linguagem corporal positiva transmite segurança, interesse e equilíbrio emocional, mesmo antes da primeira resposta.
Uma vez participei de uma entrevista em grupo e percebi que uma candidata super qualificada cruzava os braços o tempo todo e desviava o olhar.
O conteúdo que ela trazia era ótimo, mas a postura passava insegurança. No final, ela não foi escolhida.
Veja o que prestar atenção no seu comportamento:
- Postura ao sentar: costas eretas, pés no chão, sem se espalhar demais nem se encolher.
- Contato visual: olhe nos olhos do entrevistador enquanto fala, mas sem encarar de forma desconfortável.
- Gestos moderados: use as mãos para se expressar, mas evite exageros. Nada de balançar a perna ou brincar com objetos.
- Expressões faciais: sorrir de forma natural ajuda a criar empatia. Não force, mas também não fique com cara de pânico.
- Tom de voz: fale com clareza e volume suficiente. Nem muito baixo, nem gritando. Respire antes de responder.
Dica extra: responda com calma, mesmo que a pergunta pareça óbvia. Evite interromper ou falar atropelado.
Uma pausa estratégica mostra que você está pensando antes de responder, e isso conta como ponto positivo.
Outro detalhe importante: acompanhe o ritmo do entrevistador. Se ele for mais direto, seja objetivo. Se ele for mais descontraído, você pode adaptar seu tom.
Verifique seus dispositivos digitais
Se a sua entrevista de emprego for online, a preparação técnica é tão importante quanto a preparação das respostas.
Já fiz entrevistas incríveis em plataformas como Google Meet e Zoom, mas também já vi candidatos perdendo boas oportunidades por conta de problemas simples que poderiam ser evitados.
Aqui vai um checklist rápido para garantir que nada dê errado:
- Teste a câmera e o microfone com antecedência.
- Evite ruídos no ambiente. Se puder, escolha um local silencioso.
- Use fones de ouvido, se possível. Isso melhora a qualidade do som e evita eco.
- Cuide do cenário. Um fundo neutro, sem bagunça ou distrações visuais, ajuda a manter o foco na conversa.
- Evite usar o celular, a não ser que a entrevista seja por ligação ou vídeo nele. E se for o caso, apoie-o em algum lugar estável.
Tenha o link da reunião ou o número de telefone anotado. Se algo der errado, você consegue acessar ou avisar rapidamente.
Dica bônus: vista-se como se fosse presencial, mesmo que só vá aparecer da cintura pra cima. Isso muda seu estado mental e te ajuda a se comportar com mais segurança.
Entrevista online também é entrevista de verdade. O cuidado com os detalhes faz toda a diferença.

Seja pontual
Chegar no horário pode parecer algo básico, mas ainda é um dos erros mais comuns em processos seletivos, e que mais prejudica o candidato logo de cara.
Em muitas empresas, atraso é critério eliminatório, mesmo que você tenha um ótimo currículo.
Eu mesma já entrevistei uma candidata que chegou 20 minutos atrasada e disse “o trânsito estava um caos“.
Pode até ser verdade, mas a primeira impressão foi de despreparo.
A pontualidade transmite respeito, comprometimento e organização, exatamente o que o recrutador espera.
Aqui vão algumas dicas para garantir que você chegue no tempo certo:
- Planeje o trajeto com antecedência. Use o Google Maps para calcular o tempo e veja se há obras, greves ou bloqueios na região.
- Saia de casa com folga. O ideal é chegar com 10 a 15 minutos de antecedência, para respirar, se organizar e observar o ambiente.
- Se a entrevista for online, entre na sala virtual com 5 minutos de antecedência. Não deixe para testar o link na última hora.
- Tenha um plano B: se o transporte der problema, saiba qual seria sua alternativa. Já usei isso algumas vezes e me salvou.
Dica prática: anote o nome do entrevistador, o endereço completo e um telefone de contato.
Assim, se algo inesperado acontecer, você poderá avisar com educação.
Preparação para uma entrevista de estágio
Se essa é sua primeira entrevista ou uma das primeiras, é normal bater aquele frio na barriga.
Mas aqui vai uma verdade: ninguém espera que você tenha anos de experiência, o que conta mesmo é o seu interesse, a sua atitude e a forma como você se comunica.
A entrevista para estágio costuma focar muito mais em soft skills e no seu potencial de aprendizado do que em resultados concretos.
Ou seja: o que você já fez vale, mas o que você pode fazer vale ainda mais.
Então, primeira coisa: mostre que você pesquisou a empresa. Mesmo sem experiência, conhecer o que ela faz mostra iniciativa.
Além disso, fale sobre projetos da faculdade, trabalhos em grupo, voluntariado ou cursos. Tudo isso ajuda a demonstrar suas habilidades interpessoais, sua organização e até sua liderança.
Se você já teve algum trabalho informal (mesmo que como freelancer ou ajudando a família), conte como isso te ajudou a desenvolver responsabilidade e autonomia.
Uma boa resposta para “por que você quer estagiar aqui?” é conectar seus objetivos de aprendizado com o que a empresa pode oferecer.
Se te perguntarem sobre planos para o futuro, fale do seu interesse em crescer, aprender com os profissionais mais experientes e desenvolver sua carreira com base em experiências reais.
Dica extra: já entrevistei estagiários que levavam um caderno e anotavam coisas durante o bate-papo.
Isso me passou um senso de organização e interesse que contou muito, mesmo que a vaga nem exigisse isso.

E como se preparar para uma entrevista para Jovem Aprendiz?
Se essa é sua primeira entrevista formal, fique tranquilo: ninguém espera que você já saiba tudo.
O programa Jovem Aprendiz é justamente para quem está começando. Ou seja, o que os recrutadores querem ver é disposição, responsabilidade e vontade de aprender.
Você pode, por exemplo, mostrar que é pontual e comprometido. Se você já estudou em período integral, cuidou de alguém da família ou teve que conciliar tarefas, isso mostra responsabilidade.
Outro ponto importante: fale com clareza e escute com atenção. A linguagem corporal positiva também conta aqui: sentar direito, olhar nos olhos e demonstrar interesse já fazem muita diferença.
Demonstre interesse genuíno pela empresa. Mesmo que ainda não saiba tudo, diga que está buscando sua primeira oportunidade para crescer e que valoriza empresas que apostam em jovens talentos.
Por exemplo, se te perguntarem sobre escola ou matérias preferidas, use isso para mostrar o que te motiva.
Se você gosta de matemática, diga que gosta de resolver problemas. Se prefere português, fale que se comunica bem.
Dica bônus: se você já ajudou alguém com tecnologia, vendeu algo pela internet, criou conteúdo, ajudou a organizar um evento da escola… tudo isso conta como habilidades e experiências. Não menospreze essas vivências.
A entrevista de Jovem Aprendiz é uma chance de mostrar quem você é, não só o que você sabe.
Então, foque em mostrar sua atitude, curiosidade e vontade de fazer parte de algo maior.

Psicóloga especialista em recrutamento e seleção com mais de 15 anos de experiência.
Sensacional, Gostei muito os pontos do texto! Sucesso! 😀