Você já ficou na dúvida se falar da vida pessoal na entrevista é uma boa ideia? Aquele momento em que o recrutador pergunta “quem é você fora do trabalho?” pode ser um aperto.
Aqui, vou te mostrar como usar sua história para se conectar com a vaga sem parecer que está contando demais.
Sabe o que é pior? Errar o tom e acabar falando algo que não ajuda. Uma vez, vi um candidato perder pontos por compartilhar detalhes que não tinham nada a ver com o cargo.
Estudos, como os de Daniel Kahneman em “Thinking, Fast and Slow” (2011), mostram que primeiras impressões pesam muito. Então, como acertar?
Aqui você vai aprender o que da sua vida pessoal pode brilhar na entrevista e o que é melhor deixar de fora.
Com dicas práticas baseadas em anos vendo processos seletivos de perto, vou te ajudar a mostrar autenticidade e alinhamento com a vaga.
Por que os recrutadores perguntam sobre você na entrevista?
Recrutadores não estão só atrás do seu currículo. Eles querem entender quem você é.
Por isso, perguntas como “me conta um pouco sobre você” ou “o que você gosta de fazer no tempo livre?” buscam seus valores, sua forma de se comunicar e se você combina com a cultura da empresa.
Um estudo da Harvard Business Review mostrou que 80% dos recrutadores valorizam o “fit cultural” tanto quanto as habilidades técnicas.
Pense assim: sua vida pessoal pode revelar traços como resiliência ou trabalho em equipe.
Já vi candidatos se destacarem ao contar, por exemplo, como organizam eventos comunitários, mostrando liderança.
O truque? Conectar esses pontos ao que a vaga pede. Vamos ver como fazer isso.
Falar sobre a vida pessoal na entrevista é adequado?
Aqui vai a resposta direta: não, você não precisa abrir o livro da sua vida.
Mas alguns detalhes, usados com estratégia, podem te ajudar a brilhar.
O segredo é compartilhar o que reforça suas competências para o cargo, sem desviar o foco do profissional.
Por exemplo, mencionar um hobby que mostre organização ou criatividade pode ser um diferencial.
Mas contar sobre sua vida amorosa? Melhor não. Amy Cuddy, no livro “Presence” (2015), explica que autenticidade é mostrar quem você é de forma alinhada ao contexto.
Então, escolha histórias que te conectem à vaga.
O que posso mencionar da vida pessoal?
Quer saber o que funciona? Aqui vão ideias de pontos da sua vida que podem somar na entrevista:
Hobbies que mostram soft skills
Correr maratonas? Isso pode indicar disciplina e persistência. Gosta de cozinhar pratos complexos? Pode mostrar criatividade e atenção a detalhes.
Participar de um clube de leitura ou tocar em uma banda? Essas atividades destacam competências interpessoais, como colaboração e comunicação.
O truque é escolher hobbies que mostrem habilidades transferíveis, criando uma conexão com o que a vaga exige, como resolver problemas ou trabalhar em equipe.
Voluntariado ou causas sociais
Organizar eventos para uma ONG demonstra liderança e empatia, qualidades que muitas empresas valorizam.
Mentorar jovens em programas de impacto social ou arrecadar fundos para uma causa local também são bons exemplos. Isso mostra compromisso comunitário e habilidade de inspirar outros.
Mas lembre-se de conectar essas experiências aos valores da empresa para se destacar.
Projetos pessoais relevantes
Um blog sobre tecnologia ou um curso online que você fez por conta própria mostram iniciativa e paixão por aprender.
Se você já desenvolveu um aplicativo por hobby ou criou conteúdo educativo no YouTube, pode mencionar também.
Esses projetos independentes destacam seu perfil autodidata e criatividade. E para impressionar o entrevistador, mostre como eles se conectam às demandas do cargo.
Atividades em equipe
Jogar futebol ou participar de um grupo de teatro pode destacar sua capacidade de colaborar.
O ponto é: escolha histórias que reforcem o que a vaga pede. Uma vez, um candidato mencionou que treinava um time infantil de futebol.
Isso mostrou habilidades de liderança e paciência, perfeitas para o cargo de gestão. Pense no que da sua vida pode contar uma história assim.
O que evitar ao falar da vida pessoal na entrevista?
Nem tudo da sua vida pessoal é bem-vindo na entrevista. Alguns tópicos podem te prejudicar, mesmo sem você perceber.
Então, aqui vão os principais “nãos” e por que você deve evitá-los.
Problemas pessoais ou dramas
Contar sobre brigas familiares ou dificuldades financeiras? Péssima ideia. Isso pode passar a impressão de que você não separa vida pessoal do trabalho.
A psicóloga Carol Dweck, em “Mindset” (2006), destaca que recrutadores buscam pessoas com mentalidade focada em soluções, não em problemas.
Foco no positivo. Se perguntarem como você lida com desafios, fale de um obstáculo profissional que superou, não de uma crise pessoal.
Assim, você mantém a conversa no trilho certo.
Assuntos polêmicos
Política, religião ou opiniões fortes sobre temas divisivos são um risco.
Já vi candidatos perderem a vaga por entrar nesses temas sem perceber a reação do recrutador.
Um estudo da SHRM mostrou que 60% dos gestores evitam candidatos que trazem tópicos polarizantes.
Então, se o recrutador perguntar sobre algo delicado, redirecione.
Por exemplo, diga algo como: “Prefiro focar em como posso contribuir para a equipe“. Isso mostra tato e profissionalismo.
Detalhes irrelevantes ou excessivos
Falar sobre sua rotina de sono ou o nome do seu cachorro? Pode parecer inofensivo, mas desvia o foco.
Recrutadores têm pouco tempo, e cada frase conta. Entrevistas eficazes são aquelas em que o candidato é claro e relevante.
Portanto, mantenha a conversa alinhada com a vaga. Se for mencionar algo pessoal, que seja curto e com propósito, como um hobby que mostre uma habilidade útil.
Histórias que mostram falta de compromisso
Contar que você troca de hobby toda semana ou que viaja sem planejamento pode levantar bandeiras. Empresas buscam estabilidade.
Um caso real: uma vez, um candidato falou que largava projetos pela metade, e claro, o recrutador questionou sua consistência.
Em vez disso, destaque histórias que mostrem dedicação. Falar sobre um curso que terminou ou um objetivo que perseguiu por meses reforça sua imagem de comprometido.

Psicóloga especialista em recrutamento e seleção com mais de 15 anos de experiência.