Você pode ter experiência, boas recomendações e um currículo impecável, mas certos erros na entrevista podem ser suficientes para te eliminar do processo seletivo.
A verdade é que o recrutador está observando muito mais do que apenas suas respostas. Ele avalia sua postura, comunicação, interesse genuíno e até como você lida com o nervosismo.
Aqui você vai conhecer os principais erros cometidos numa entrevista de emprego e vai aprender como evitar cada um deles. Se você já teve dúvidas sobre o que falar, como agir ou até quando perguntar sobre salário, chegou ao lugar certo.
Erros comuns na entrevista que reprovam candidatos
Entrevista não é prova, mas tem gente ótima que “reprova” mesmo com um currículo excelente. E na maioria das vezes, o motivo está em detalhes que passam batido.
Às vezes é uma frase mal colocada, um comentário fora de hora ou até o jeito de responder, e pronto, o recrutador risca seu nome da lista.
Para ter mais chances, comece entendendo quais erros costumam tirar candidatos do jogo. A gente vê isso todo dia no RH, e posso te garantir: evitar esses tropeços já te coloca na frente de muita gente.
Falar mal do antigo chefe ou empresa
Esse é um dos erros mais comuns, e um dos que mais queimam o candidato. Por mais que você tenha tido uma experiência ruim, falar mal do antigo chefe ou da empresa nunca pega bem.
O entrevistador não vai ouvir só o seu lado da história. O que ele vai pensar é: “se essa pessoa fala assim dos antigos colegas, como será no nosso ambiente de trabalho?“.
Por exemplo, quando explicar a saída do último emprego, não use expressões negativas.
Em vez disso, foque no que aprendeu. Fale sobre os desafios que enfrentou e como isso contribuiu para o seu crescimento.
Assim, você mostra ética profissional, maturidade e inteligência emocional, tudo o que pesa na hora da escolha.
Chegar atrasado (ou cedo demais)
Sim, pontualidade conta, e muito. Quando alguém chega atrasado, mesmo que só cinco minutos, a sensação que fica é de descuido ou falta de organização.
E se for numa entrevista online? A impressão pode ser ainda pior.
Por outro lado, chegar muito antes do horário combinado também pode atrapalhar.
Parece ansiedade fora de controle ou até pressão no ambiente, principalmente em entrevistas presenciais.
Quer evitar isso? Faça a lição de casa: saiba quanto tempo leva até o local, teste o link da videoconferência com antecedência, prepare roupa e documentos no dia anterior.
Chegar no horário mostra preparo, respeito e bom senso, e isso conta desde o primeiro minuto.
Falar demais (ou de menos)
Esse é um dos erros que mais atrapalham a leitura do seu perfil. Quando o candidato fala demais, acaba desviando do que foi perguntado, perde o foco e transmite ansiedade.
E quando fala pouco demais, parece inseguro, despreparado ou desinteressado.
O problema não é o quanto você fala, mas como você responde.
O recrutador precisa entender suas ideias com clareza, mas também quer ver se você escuta ativamente o entrevistador e sabe construir um diálogo equilibrado.
Então, antes da entrevista, vale a pena praticar respostas possíveis com alguém de confiança, principalmente para perguntas abertas, como “me fale sobre você“, que costumam desestabilizar quem não está preparado.
Treine para ser objetivo, manter a naturalidade e ajustar o tom conforme o clima da conversa.
Isso revela maturidade e inteligência emocional, dois fatores que fazem diferença.
Mentir ou exagerar conquistas
Pode parecer tentador “dar uma valorizada” no currículo ou falar de um projeto como se tivesse liderado sozinho.
Mas no RH, a gente percebe. E pior: às vezes, o próprio candidato se complica tentando sustentar a história.
Lembro de um caso em que o candidato disse ter feito parte de uma grande reestruturação numa multinacional.
Parecia impressionante, até que pedimos detalhes. Ele não conseguiu explicar o que exatamente fez, quais foram os resultados ou como participou das decisões.
Resultado? Foi desclassificado ali mesmo.
Portanto, seja sincero sobre suas experiências anteriores.
Você pode até não ter liderado um projeto, mas talvez tenha tido um papel importante.
Fornecer exemplos concretos, com clareza e autenticidade, fortalece sua marca pessoal muito mais do que tentar parecer algo que não é.
Não saber nada sobre a empresa
Esse é um erro que ainda acontece com frequência, e que mostra falta de preparo para entrevista.
Quando o candidato não sabe o que a empresa faz, quem ela atende ou sequer conhece seu segmento, fica claro que não levou o processo seletivo a sério.
Vou te dar um exemplo: certa vez entrevistei um candidato para uma vaga na área de marketing digital de uma empresa B2B.
Perguntei se ele já tinha trabalhado com conteúdo voltado para o público corporativo.
Ele respondeu: “Nunca trabalhei com e-commerce, mas tenho vontade“. A empresa, claro, nem atuava com e-commerce, e isso já mostrou que ele não tinha nem feito o básico.
Pesquisar sobre a empresa, entender o tipo de cliente, analisar a descrição da vaga e identificar pontos em comum com suas habilidades são passos essenciais antes da entrevista.
Mostra respeito, interesse genuíno e até pensamento crítico, porque você já chega sabendo onde pode contribuir.
Não saber explicar seus pontos fortes com exemplos
Todo mundo fala que é proativo, trabalha bem em equipe e tem perfil analítico. Mas quando você não mostra isso na prática, soa genérico e o recrutador desliga mentalmente.
A verdade é que habilidades comportamentais só fazem sentido na entrevista quando vêm acompanhadas de contexto.
Dizer que é bom em “resolução de problemas” não convence. Agora, contar uma situação em que você resolveu um problema, mostrando o impacto e como lidou com aquilo, faz toda a diferença.
Use o básico do autoconhecimento profissional: pense nas suas experiências anteriores, nos desafios que enfrentou e como contribuiu para o resultado final.
Fornecer exemplos concretos, mesmo que simples, transmite clareza, segurança e credibilidade.
Interromper o entrevistador
Pode parecer um detalhe, mas interromper o entrevistador, mesmo que seja sem querer, quebra o ritmo da conversa e prejudica a sua imagem.
Em vez de mostrar empolgação, o que se passa é a ideia de ansiedade, falta de escuta ou até arrogância.
Já entrevistei candidatos ótimos no currículo que, na prática, cortavam o entrevistador o tempo todo.
Às vezes era só pressa de responder logo, mas o impacto negativo foi inevitável.
Então, se você se empolga com facilidade, treine o autocontrole e observe sua comunicação não verbal.
Espere a pergunta terminar, use pausas conscientes e mantenha contato visual.
Perguntar sobre salário no início
Quando o candidato pergunta sobre o salário logo no início da entrevista, passa a impressão de que está mais interessado no valor do que no trabalho em si.
Já vi isso acontecer diversas vezes. A entrevista mal começou e o candidato interrompe para perguntar “quanto paga?“.
A conversa muda de tom na hora. Em vez de focar nas suas habilidades e no que você pode entregar, o recrutador passa a questionar sua inteligência emocional e alinhamento com a cultura organizacional.
Claro que remuneração é importante, mas existe o momento certo.
Então, o ideal é deixar o assunto surgir naturalmente ou preparar perguntas estratégicas para o fim da entrevista, como: “Gostaria de entender melhor o pacote de benefícios e como é estruturada a faixa salarial da função“.
Assim, você mostra tato e preserva sua marca pessoal.
Não fazer nenhuma pergunta ao final
Quando o entrevistador pergunta “você tem alguma dúvida?“, não é só por educação: isso faz parte da avaliação.
E quando o candidato responde “não, tudo certo“, passa a impressão de desinteresse ou despreparo.
Fazer perguntas no final da entrevista mostra que você realmente está pensando na vaga, que quer entender mais sobre o ambiente, os desafios e a rotina.
Ou seja, mostra que você está demonstrando interesse genuíno e levando o processo a sério.
Por isso, prepare perguntas inteligentes para o entrevistador, com antecedência.
Pode ser sobre os próximos passos do processo seletivo, sobre o time que você faria parte ou sobre expectativas para os primeiros meses.
Além de reforçar seu interesse, isso mostra que você sabe escutar ativamente o entrevistador, e que está pronto para se comprometer.

O que fazer para se destacar na entrevista?
Agora que você já conhece os erros mais comuns, é hora de olhar para o outro lado: o que realmente chama a atenção de um recrutador?
Muita gente acha que precisa ter respostas perfeitas, mas o que faz diferença mesmo é o conjunto: como você se comunica, como se prepara, e como mostra que está alinhado com a vaga e com a empresa.
Mostrar proatividade com exemplos reais
Dizer que é proativo já virou clichê. O problema é que, na prática, poucos conseguem provar com fatos.
Na entrevista, proatividade não é só iniciativa, é mostrar que você identifica oportunidades, resolve problemas e se antecipa às necessidades, sem que alguém precise mandar. E isso precisa vir com contexto.
Quer um exemplo? Já entrevistei uma candidata que contou como, sem ninguém pedir, criou um pequeno manual interno para agilizar o treinamento de novos colegas.
O impacto foi tão bom que o gestor passou a usar o material oficialmente. Esse tipo de exemplo mostra pensamento crítico, resolução de problemas e entrega real, e isso fica na memória de quem está avaliando.
Pense em situações em que você teve atitude e fez diferença. Trazer resultados anteriores concretos, mesmo que simples, fortalece sua marca pessoal e mostra que você está pronto para contribuir de verdade.
Saber ouvir e responder com clareza
Numa entrevista, não basta ter boas respostas, você precisa saber ouvir para entender o que está sendo perguntado.
Parece simples, mas é um dos pontos que mais diferencia um bom candidato numa entrevista.
Já entrevistei pessoas com ótimas qualificações que se atropelavam nas respostas, falavam antes da pergunta terminar ou respondiam algo totalmente fora do contexto.
Isso mostra falta de escuta e, muitas vezes, baixa inteligência emocional.
Escutar ativamente o entrevistador, manter a calma, interpretar bem a pergunta e estruturar uma resposta objetiva são sinais de maturidade profissional.
Então, use pausas quando precisar pensar, ajuste o tom de voz e preste atenção na sua comunicação não verbal.
Transmitir confiança mesmo quando não sabe a resposta
Você não precisa saber tudo. Aliás, é melhor admitir quando não sabe algo do que tentar enrolar ou inventar.
O que realmente importa é como você lida com a situação.
Te dou um exemplo clássico: em uma entrevista para uma vaga de analista, perguntei sobre uma ferramenta específica.
O candidato não conhecia, mas respondeu com tranquilidade: “Ainda não trabalhei com ela, mas conheço ferramentas semelhantes, e aprendo rápido com tutoriais e prática“.
Resposta simples, honesta e com segurança. Passou confiança.
Essa postura mostra autoconhecimento profissional, disposição para aprender e, principalmente, inteligência emocional.
Ou seja, mesmo diante de um desafio, você mantém a clareza, assume seus limites e mostra que está pronto para evoluir.
Estar alinhado com a cultura da empresa
Você pode ter todas as habilidades técnicas do mundo, mas se não combina com o jeito da empresa funcionar, dificilmente vai ser a escolha final.
A cultura organizacional importa, e muito. É ela que define o ritmo, o tom das relações, o estilo de liderança e até o tipo de roupa que as pessoas usam no dia a dia.
Já participei de processos em que o candidato era tecnicamente perfeito, mas não se encaixava no perfil mais colaborativo e informal da equipe. Resultado: não foi aprovado.
Pesquisar sobre a empresa, observar como ela se comunica nas redes sociais, entender os valores e o tipo de ambiente de trabalho já ajuda bastante.
Durante a entrevista, mostre que você fez essa lição de casa, e mais: mostre que você se identifica com aquilo. Isso faz o recrutador enxergar você ali dentro.
O que fazer se cometi um erro na entrevista?
Se você percebeu que cometeu um erro durante a entrevista, não entre em pânico. A forma como você reage pode pesar mais do que o próprio deslize.
Respire fundo, assuma com naturalidade e, se fizer sentido, corrija com clareza: “Deixa eu reformular o que eu quis dizer“.
Agora, se só percebeu o erro depois da entrevista, ainda dá tempo de agir.
Uma boa saída é enviar um e-mail de agradecimento, agradecendo pela conversa e, de forma sutil, complementando ou esclarecendo o ponto que ficou mal explicado.
E o mais importante: não se sabote por causa de um erro. Todo processo seletivo é também um aprendizado.
Analise o que aconteceu, melhore sua preparação para entrevista, fortaleça seu autoconhecimento profissional e siga em frente.
A próxima oportunidade pode estar mais perto do que você imagina.

Psicóloga especialista em recrutamento e seleção com mais de 15 anos de experiência.
Muito bom o artigo. São questões muito importantes na hora de ser entrevistado.
Ótimas dicas! Às vezes cometemos alguns dos erros citados sem nos darnos conta.
É importante ficar atento pois um simples erro pode custar a vaga.
Dicas simples e úteis para a entrevista de trabalho. Muito bom!